Como se deve Orar

 

Como devemos Orar

 

 
Texto: “De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos” (Lc 11:1-2). Oração completa como nós a conhecemos está em Mateus 6:9-13.


Introdução:
 
Jesus poderia ter respondido aos seus discípulos de uma forma mais simples: orar é conversar com Deus, porque orar é isso, mas antes de intentarmos fazê-lo devemos ter em mente quem Deus é, e quem nós somos.  A oração do Pai Nosso tem sido recitada, ao longo dos anos, de uma maneira religiosa, repetitiva, como se fosse um amuleto; a simples repetição sem o devido entendimento e/ou aliança com Deus não surtirá qualquer efeito. O que Jesus fez, no entanto, foi nos dar um modelo, uma espécie de roteiro que nos ensina como ter eficácia em nos achegar a Deus, e qual visão nós devemos ter dele, e de nós mesmos. Esta pequena oração pode ser dividida em sete partes:
 

 


 

 

 

 

1. Intimidade com Deus - “Pai nosso que está nos céus”.

 
 
Jesus foi o primeiro a ter a ousadia de chamar Deus de Pai, nos levando ao sentimento/entendimento de seu cuidado, zelo, presença, provisão e de proximidade dele para conosco, porque é nosso Pai, sendo que, a expressão “está nos céus” não significa que Ele esteja distante, mas que seu ser, sua essência excede a nossa, sua glória e poder está acima de tudo o que conhecemos em nossa existência terrena. E é interessante notar que Ele usou o pronome “nosso”, dando-nos a idéia de comunidade, e que nossa busca do Pai deve nos levar ao outro, só assim o cristianismo faz sentido de verdade.

 



 

 

 

 

2. Santidade de Deus - “Santificado seja o Teu nome”.

 
Orar a Deus para que Ele santifique o seu nome é o mesmo que pedir que sejamos santos como Ele. Só há uma maneira de Deus santificar seu nome no mundo, que é através de nós (Jo 17:19), santificamos a Deus com o nosso testemunho, nossa vida, nossas ações santificam ou profanam o nome dele, precisamos de sua ajuda para não escandalizarmos o evangelho, o motivo de muitos ímpios não se converterem ao Senhor, infelizmente é, em parte, culpa dos próprios cristãos que não deixaram de se parecer com Cristo. Ser santo é ser separado; estamos no mundo, mas não somos deste mundo (Jo 17:16) e é condição de sermos salvos (Hb 12:14).

 



 

 

 

 

3. Reino de Deus - “Venha o teu reino”.

 
O reino de Deus representa tudo o que Ele é, e tudo o que devemos ser, tudo o que Ele pensa, deseja e sonha para a humanidade. Vir o seu reino significa que teremos um novo Rei e novas leis, este reino de amor, paz e justiça contrapõe ao reino das trevas, onde impera o pecado, a morte e a destruição. Viver sob este reinado nos transforma em seres humanos melhores, as leis do Rei combatem o pecado não é apenas uma afronta contra Ele, mas também um mal que fazemos a nós mesmos e/ou nosso próximo. Fica no entanto uma questão: Como o seu reino virá? Através da pregação da Palavra e de um testemunho genuíno de conversão.
 

 

4. Vontade de Deus – “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”.
 
Esta parte da oração é muito intrigante, porque se formos sinceros reconheceremos que a maioria de nossas orações não deveria ser nem ao menos iniciadas, porque elas são justamente o contrário disso, pois estamos na maior parte do tempo querendo que a nossa vontade seja feita e nada mais. Todavia há algo de mais profundo nesta expressão: Nem tudo o que acontece no mundo está intimamente ligado a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12:2), apesar de Deus ser Soberano, Todo poderoso, Criador e Sustentador de todo o universo, Ele estabeleceu uma relação de parceria com os homens, portanto, toda a ação de Deus na Terra é feita mediante a presença do homem. Alguns exemplos são: Abraão, Noé, Moisés, Davi, os profetas, os apóstolos e até o próprio Filho de Deus precisou assumir a forma humana para realizar a obra redentora de Deus. Deus só reage quando o homem age e mais ainda quando ele ora.

 



 

 

 

 

5. Dependência de Deus - “O pão nosso de cada dia nos dá hoje”.

 
O “pão” representa a nossa sobrevivência; “cada dia” representa a nossa dependência de Deus; “hoje” representa a nossa existência, é onde devem estar concentrados os nossos pensamentos, nossas prioridades e energias; muitos vivem a vida sonhando e, às vezes, até sofrendo com um amanhã que ainda não existe, mas é apenas uma possibilidade, outros não conseguem se libertar de um passado sombrio, só o hoje pertence a nós. Jesus está ensinando-nos viva cada dia na presença de Deus, esqueça o ontem (Fl 3:13), e não esteja ansioso pelo amanhã (Mt 6:34). E de novo Jesus utiliza o pronome "nosso" numa tentativa de arrancar-nos do nosso individualismo e egoísmo, fazendo-nos pensar no outro e não somente em mim mesmo... "o receber nos leva a compartilhar".
 

 


 

 

 

 

6. Perdão de Deus - “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”.

 
Todo o cristianismo está baseado no perdão, primeiramente o perdão de Deus para com aqueles que se arrependem, e em segundo lugar o perdão mútuo que deve existir entre seus filhos... Ora, se somos seus filhos devemos nos parecer com Ele. Perdoar é a condição para sermos perdoados, e conseqüentemente sermos salvos. Como seres humanos nós estamos em formação e sujeito a muitas falhas, constantemente estamos refazendo conceitos, repensando atitudes, voltando atrás, nos arrependendo, etc. O perdão é o direito de nos reinventarmos, sendo assim, não prive as pessoas deste direito que lhes foi outorgado na cruz do calvário; perdoamos não por causa das pessoas, ou por causa de nós, mas sim por causa do sangue de Jesus; Ele nos tornará aptos para isso.

 



 

 

 

 

7. Presença de Deus - “E não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal.

 
As tentações que nós enfrentamos neste mundo intentam conduzir-nos ao pecado, e o pecado nos afasta de Deus. A oração deve nos fortificar para enfrentarmos e vencermos este mundo (Jo 16:33; I Jo 4:4). Só mantendo uma vida de amor e comunhão com Deus nós poderemos negar o mundo e todas as suas ilusões (I Jo 2:16-17). As nossas orações devem nos lembrar que a tentação representa um perigo para a nossa relação com Deus, destruí-la é tudo o que o nosso inimigo deseja (Jo 10:10), nunca devemos ignorá-lo (II Co 2:11). Não somos tão fortes quanto pensamos que somos, precisamos da ajuda dele; Jesus está nos sensibilizando da necessidade constante da vigilância (Mt 26:41). Esta parte da oração, portanto, revela um coração que ama a presença de Deus; é um pedido de socorro, de completo desespero de quem não consegue viver longe dele, nem que seja por um instante sequer.
 
 
Conclusão:
 

Desde a criação, Deus decidiu agir pelo homem e para o homem, mas isso, através do homem. Orar nos coloca na posição de parceiros de Deus, pois a ação de Deus em quase todas as partes desta oração está condicionada a ação do homem. Orar segundo o Mestre é, pois, se dispor pra Ele, é dizer “Eis-me aqui Senhor envia-me a mim”, é colocar-se na dispensação do Espírito e se abrir para que a vontade dele seja feita acima de tudo. A oração que alcança o coração de Deus, portanto, não é aquela que faz de Deus o nosso servo, mas sim o contrário, sem, contudo, deixarmos de sermos seus amigos.